Estou cursando Agronomia na universidade federal do Ceará - UFC, não foi fácil conseguir mas também não foi tão difícil quanto muitos imaginam. Entrei com 17 anos num curso o qual eu pouco sabia do que se tratava, numa universidade federal, ganhei congratulações de todos e me senti no topo do mundo e caí..de cara no chão!
Fui jogada lá dentro com tantos méritos, mas totalmente despreparada para aquilo tudo. Para as competições. Para os professores. Para a vida! As reprovações vieram.. Logo pra mim que sempre fui tão boa nos estudos, tão boa com tão pouco esforço, desde que eu tenho lembrança do colégio havia sido assim. Porque não mais?
E eu fui perdendo o gosto por aquele lugar, não era o curso. Agronomia é maravilhoso. Eu conseguia me ver fácil, fácil com uma excelente agrônoma, na minha picape, com minhas botas, desbravando interiores do Brasil adentro. Seria maravilhoso! E eu escreveria sobre tudo aquilo, publicaria artigos.Mas aquele lugar estava me dando nos nervos .Tudo que ele representava era me fracasso!
O que eu sempre quis foi escrever e escrevo, mas só isso não bastava pra mim nem pra todos. E me sobravam duvidas. Aos vinte e um anos fui morar só e eu queria, seria mais uma realização, mais uma conquista. Deus sabe que não! Seria mais uma faze da minha vida em que eu seria joga a minha própria sorte. Sem preparação alguma!
Um dia eu simplesmente pirei! Terminei o namoro, abandonei a faculdade e chorei, chorei, chorei. Por algum tempo essa foi a única coisa que eu soube fazer quando deitava, o sono não existia mais. O que havia de tão errado? Não tinha nada errado..e porque doía tanto? Era como se eu mesma buscasse a dor, como se eu a procurasse pra estar de frente a ela e dizer "o que é você?", "Porque eu te sinto mais não te vejo?". E eu chorei, chorei e chorei.. Mas só a noite quando estava na minha cama só!
Saí pra todos os lugares que podia, sempre rodeada de amigos, graças a Deus tenho muitos, muitos bons amigos. Mas quando chegava em casa eu deitava e chorava.
Eu queria voltar a ser o que era. Meiga, entregue. Eu só queria fazer o que eu gostava sem me importar com o quanto eu ia ganhar com isso, queria ser "guia de mim mesma nos arredores do mundo". Mas cada dia eu estava mais cética, e via meus sonhos mais distantes.. Por que fazer Agronomia se eu sempre quis jornalismo?
Nessa época aconteceu o que eu não imaginava..eu vi que eu era realmente importante pras pessoas que eu amava e que eu não estava tão só quanto pensava. Quando eu achava que ninguém estava notando. Quando eu me tranquei mais que nunca nesse mundo inerte que eu havia criado. Pessoas vieram conversar comigo, me explicaram que o ser humano e mundo não interagem de forma previsível. Que não existe uma formula pra ser feliz. Que por mais difícil que possa ser pra enxergar, há sempre uma intercessão entre o que eu fui e o que sou hoje. Entre tudo o que eu sonhei e o que eu conseguirei realizar. E que se o melhor da vida é viver porque ficar pensando em como seria viver diferente se essa é a vida que tenho.
Ainda tenho duvidas, ainda choro. Espero que a terapia me ajude! Mas eu decidi que tenho que fazer algo, não posso ficar esperando que tudo chegue como sempre chegou.
Obrigada Pai, Mãe, Wilson, Avelino, Karine, Suca, Sávio e Jô.