Tenho uma caixa embaixo da cama. Uma caixa daquelas em que se guardam lembranças. Será que todo mundo tem uma caixa dessas? Penso que guardo essas lembranças, pedacinhos de momentos, por ter pouca memória dos acontecimentos da minha vida. Talvez porque aconteçam coisas de mais ou sempre estejam acontecendo coisas marcantes, isso deve causar sobrecarga, pois elas simplesmente fogem da minha cabeça.
Tenho memória de cenas detalhadas dos três aos sete anos, parece até brincadeira. Mas depois disso só lembro de flashes e das luzes. Não sei agora se devo me preocupar com a memória que não tenho, com o espaço que terei de reservar para guardar essas lembranças daqui a alguns anos, ou com a minha renite, por que coisa pra acumular poeira é caixa de lembranças.
Gosto de recordar! Choro ao ver meus erros e mais ainda os acertos, coração dói de saudade a cada papel que tido da caixa, a cada pedrinha ou tampa de refrigerante. Em minhas agendas uma pessoa diferente, mais adulta, fria e/ou realista a cada ano. Textos mais coerentes, amores mais inventados, bobeiras de amores antigos.
Recordar não é viver, mas bem que ajuda a querer seguir, pra que tudo o que passou não tenha sido vão. Por que cada beijo me fez descobrir qual o que mais gosto, por que cada amor deixou em mim mais vontade de amar, por que cada erro me mostrou que acertar da mais satisfação.
A minha caixinha de lembranças continua embaixo da cama, imóvel e imparcial aos acontecimentos. Fazendo o papel de parte de minha memória. Aquela parte que não temos que perceber o tempo todo, aquela que só precisamos buscar nos dias melancólicos em que buscamos forças pra continuar, para pensar “eu não vou desistir agora”.
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