Fortaleza, novembro de 2025, finalizando o segundo semestre de jornalismo.
Ontem ouvindo a música de Fagner no caminho do trabalho, me intrigou que a flor Bela Espanca pudesse dedicar tanto amor assim a um ser masculino que não fosse seu filho, não era possível, tinha que ser para um filho: "Tu es como Deus, princípio e fim". Nesse momento dispara na minha mente um gatilho: vai pesquisar tudo que possa existir sobre essa música, quem é o filho, pra que era o poema. Não, ela não tem filho. Foi para um homem... inconformada li o poema mais uma vez e percebi que era um soneto. No mesmo instante um estalo, uma memória que há muito não acessava veio completa na minha mente.
Era a mini May de 11 anos, fascinada pelas métrica, sonetos decassílabos, rimas perfeitas e coroadas. A cena veio clara. Minutos antes de minha mãe chegar do trabalho, enquanto a pequena assistia, eu tentava escrever meu primeiro soneto. Quando minha mãe entrou pela porta, daquela casa de vila, eu corri, tinha terminado e queria que ela ouvisse. "Inspiração" era o nome d meu primeiro soneto. Ela ouviu atentamente e soltou um, "Foi você mesmo que escreveu?", me ofendi e envaideci na mesma proporção. Claro que foi eu. Ela era inspiradora, aquela menina, aquela eu. Será que ela teria orgulho de mim o tanto que eu tenho dela?
Hoje meu marido falou que eu teria um futuro brilhante na carreira de jornalismo e na hora eu pensei que nem era essa a minha intenção. Eu já estou no futuro e por muitos motivos fui escolhendo outros caminhos e o jornalismo eu tô fazendo por ela, a menina do soneto de Inspiração. O capitalismo não vai me tirar esse prazer. Esse sonho dela eu vou realizar apenas para o nosso prazer e deleite.

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